segunda-feira, 23 de maio de 2016

Gorditude: Porque o obeso é "obrigado" a ser feliz?






Hoje(23/05) no programa Encontro com Fátima Bernardes foi tratado sobre o preconceito enfrentado por quem é obeso. 

O tom adotado é a reprodução do que os obesos enfrentam e vivem suas vidas todas.  Muitas pessoas vivem a vida inteira como obesas e formulam sua personalidade e comportamentos sociais em cima dessa condição. 

Não atoa o obeso se sente na obrigação de assumir uma postura de orgulho por ser gordo. Ele precisa demonstrar que é feliz. A felicidade vira uma obrigação como compensação por "não apresentar outro atrativo". 

Acaba se posicionando em papeis criados socialmente para que ele esteja. Para que ele seja. Ele precisa ser engraçado, ou ser "limpinho", ou "pelo menos ter o rosto bonito". É como viver uma deficiência em que tem que utilizar essas muletas sociais. Não há espaço para que ele seja exatamente o que ele é. 

Não podem ter um dia de mal humor, ou serem tímidos porque já são taxados de depressivos, não podem ter um dia mais reflexivo porque precisa fazer todos rirem o tempo todo. Aqueles que estão em processo de emagrecimento ou em processo para a cirurgia bariátrica, são alertados por seus amigos e familiares a não perderem sua essência, como relatam alguns pacientes que chegam em meu consultório. Como se as mudanças fossem proibidas à eles. Talvez o medo é que eles se destaquem por outras coisas, inclusive pelo físico. 

Ao que parece há uma adaptação social para o obeso. Uma vida criada para ele. Existe lugares específicos para comprar roupas, existe cadeiras especificas no cinema, no ônibus,  e existe  uma vida especifica também. Há impossibilidade de não ser outra coisa que uma pessoa que é "gordo mais é feliz."

Essa visão imposta tem criado muitas pessoas realmente infelizes, que por fora cumprem todo o seu papel para não importunar a sociedade com suas questões, mas,  por dentro estão tristes e muitas vezes com uma depressão mascarada. 

Isso é tão verdade que muitos pacientes bariátricos continuam sustentando e reproduzindo o discurso que fizeram a cirurgia pela saúde, como se responderem que foi por estética estarão cometendo um pecado contra a gorditude, e que era um gordo feliz.  

Vejo, por ser psicólogo e também por ter feito a cirurgia, o quão perigoso e criminoso é essa imposição socialmente feita às pessoas obesas. Muitas delas, para mostrar que são felizes acabam inclusive se submetendo a relacionamentos destrutivos, com pessoas que as humilham, por querer mostrar para as pessoas que levam uma vida "normal". As estatísticas de divórcios pós cirurgia estão aí para corroborar. 

O que quero dizer com esse texto não é que você precisa ser triste, ou inconformado com sua situação obesa, o que estou tentando dizer é que você pode ser o que você quiser. Não ter obrigações sociais que te levam a tomar decisões que sua alma discorda. 

Quanto ao programa da Fátima, vemos claramente os sacrifícios que as pessoas fizeram para serem consideradas "gordos felizes." Isso precisa parar! 


-Psicológo Douglas Amorim CRP 18/01648
Faço acompanhamento online de pessoas que realizaram e irão realizar a cirurgia.
www.instagram.com/umpsicologoemcuiaba
Psidouglas@hotmail.com
WhatsApp 65 9293 9445
psicologiabariatrica.blogspot.com.br

2 comentários:

  1. Fantástico!!!! Estou nos meus exames pré cirúrgicos.. na minha primeira sessão com ]a psicologa, ela me fez esta pergunta: "vc está fazendo pela sua saúde ou por estética?"
    Eu respondi claramente que por estética, visto que meus exames estão todos normais! Ela se assustou com a minha sinceridade, dai continuei a explanar exatamente o que vc cita no texto!

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    1. Que bom que foi honesta. Ela deve ter compreendido que você é uma pessoa normal e, como ela também se preocupa com a estética. A saúde é importante, claro. Mas, não sejamos hipócritas, que vestir um 40 é muito bom. hehe Fico à disposição.

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